quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Indagações



Max Rodrigues indaga


Cultura independente? Demanda social pela leitura?
O que o uso das palavras inferem, e qual a força que acabam por exprimir quando proferidas?


Então, caros visitantes e/ou amigos da Cativa!

O que queremos com essa proposta audaz de encampar um aumento da demanda social pela leitura? Em primeiro lugar que raios consiste esta demanda social, isso existe mesmo ou é invenção desses malucos “cativantes”?

Nem um nem, nem outro. A demanda social é uma construção em todos as facetas que puder imaginar. Para melhor ilustrar, busquemos o exemplo da chamada “cultura independente” que emerge em Cuiabá e em tantas outras cidades. Primeiro que não há qualquer cultura que seja independente.



Cultura do contrário do que este termo pode superficialmente exprimir não é um conjunto do que pensa culto – no sentido “burguês”. Sem mais delongas cultura é o que caracteriza grupos humanos e sociedades de outras. Ela é o conjunto do que se é aprendido/ensinado (uma consulta ao dicionário francês melhor os fará entender esta conexão indissociável). Segundo os estudos antropológicos, e mesmo a historiografia, o que se sabe sobre a natureza humana é que nós não temos natureza, nós temos cultura, ou seja, somos aquilo que aprendemos, a partir de nossas idéias e em nossas relações sociais. Concluindo a cultura não independe, porém isso não quer dizer que não possa ser diferenciada.

Pois bem, a tal demanda pela leitura é algo esquematicamente e estrategicamente pensado pelos mentores da Cativa. O que chamamos de leitura não se restringe somente à escrita, contudo é ela o mais emblemático e fascinante meio de fazê-lo. As idéias e as ações são constitutivas de códigos que precisam ser – e são – decifrados a todo instante. A questão é por quê dessa proposta?

Ora, o mundo é feito de idéias como se sabe; pensar é uma prática, não sejamos ingênuos de imaginar que as teorias são meras abstrações para complicar o que é evidente – sobre isto convido lerem sobre a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, vejam que como mesmo a física (uma ciência erroneamente apelidada de exata, assim como as que também são) foi revolucionada pela “arte” de imaginar de um homem como qualquer outro mas que apenas se propunha a saber. A ciência não busca a verdade por si só, ela se propõe construir verdades validadas pela existência humana.

Sugerimos aos nossos amigos, familiares, colegas, vizinhos, citadinos etc., que ampliem seu leque de visão de mundo. Saboreiem-se com o saber: arte, ciência e amor. É essa redundância saber/sabor é que nos podem levar a inúmeros e melhores patamares de entendimento da vida.


Max Rodrigues, historiador (UFMT) e membro fundador da Cativa.
(RODRIGUES VIEIRA, M. Max.)